sexta-feira, 27 de maio de 2011

Batalha de Aljubarrota

Segundo:
Damião Peres,  História de Portugal edição monumental da Portucalense, editora L.da Barcelos (Volume 2: Primeira Época (1128-1411))
Em 1383, D. Fernando morreu sem um filho varão, que herdasse a coroa. A sua única filha, era a infanta D. Beatriz, casada com o rei D. João de Castela. A D. Leonor Teles teve ordem de sucessão. O conde Andeiro foi morto e o povo pediu ao mestre de Avis, D. João, filho natural de D. Pedro I de Portugal, que ficasse por defensor do Reino.
O período que se seguiu ficou conhecido como crise de 1383-1385. Finalmente a 6 de Abril de 1385, D. João, mestre da Ordem de Avis, é aclamado rei pelas cortes reunidas em Coimbra, mas o rei de Castela não desistiu do direito à coroa de Portugal.
Perante a revolta da população portuguesa em vários pontos e cidades do Reino de Portugal, o Rei de Castela, decide em 1384 entrar em Portugal. Entre Fevereiro e Outubro dese sano monta um cerco a Lisboa, por terra e por mar.
Uma frota portuguesa vinda do Porto enfrenta, a 18 de Julho de 1384, à entrada de Lisboa, a frota castelhana, na batalha do Tejo. Os portugueses perdem três naus e sofrem vários prisioneiros e mortos, no entanto, a frota portuguesa consegue romper a frota castelhana, que era muito superior, e descarregar no porto de Lisboa os alimentos que trazia. Esta ajuda alimentar veio-se a revelar muito importante para a população que defendia Lisboa.
O cerco de Lisboa pelas tropas castelhanas acaba por não resultar, devido a determinação das forças portuguesas em resistir ao cerco, ao facto de Lisboa estar bem murada e defendida, a ajuda dos alimentos trazidos do Porto e devido a epidemia de peste negra que assolou as forças castelhanas acampadas no exterior das muralhas.
Em Junho de 1385, D. Joao I decide invadir novamente Portugal, desta vez à frente da totalidade do seu exército. A decisão tomada foi a de enfrentar os castelhanos antes que pudessem levantar novo cerco a Lisboa. D. Nuno Álvares Pereira teve tempo para escolher o terreno para a batalha, uma pequena colina de topo plano rodeada por ribeiros, perto de Aljubarrota.
Desorganizados, sem espaço de manobra e finalmente esmagados entre os flancos portugueses e a retaguarda avançada, os castelhanos pouco puderam fazer senão morrer. Ao pôr-do-sol a batalha estava já perdida para Castela. Precipitadamente, D. João de Castela ordenou uma retirada geral sem organizar uma cobertura. Os castelhanos debandaram então desordenadamente do campo de batalha. A cavalaria Portuguesa lançou-se então em perseguição dos fugitivos, dizimando-os sem piedade.
Na manhã de 15 de Agosto, a catástrofe sofrida pelos castelhanos ficou bem à vista: os cadáveres eram tantos que chegaram para barrar o curso dos ribeiros que flanqueavam a colina.
Com esta vitória, D. João I tornou-se no rei incontestado de Portugal, o primeiro da dinastia de Avis. Para celebrar a vitória e agradecer o auxílio divino que acreditava ter recebido, D. João I mandou erigir o Mosteiro de Santa Maria da Vitória e fundar a vila da Batalha.



 José Mattoso,   “Mattoso – Historia de Portugal Volume I”

Após a terceira guerra com Castela, em 1382, D. Leonor Teles, o Conde João Fernandes Andeiro entenderam que uma união com Castela seria a melhor forma de os seus interesses e de terminar com o conflito entre os dois reinos, colocando-os sob a mesma família real. Desta forma, promoveram a assinatura do Tratado de Salvaterra de Magos, em 6 de Abril de 1383, no qual se previa o casamento de D. Beatriz, a única filha de D. Fernando e de D. Leonor Teles, com D. Juan I de Castela, que enviuvara no início desse ano. Segundo este Tratado, D. Leonor Teles, após a morte de D. Fernando, seria a regente da Coroa Portuguesa até que D. Beatriz tivesse um filho varão e este atingisse os 14 anos. A Coroa Portuguesa passaria então a pertencer aos descendentes do Rei de Castela, D. Juan I. Esta situação significava que o Reino de Castela iria inevitavelmente dominar Portugal. O casamento real teve lugar em Maio de 1383. Quando D. Fernando morre, em 22 de Outubro de 1383, a situação que se cria, decorrente do Tratado de Salvaterra de Magos, provoca mal-estar e não agrada a um largo sector da nobreza de Portugal. O Conde Andeiro era um mestre da política internacional e manobrava habilmente os interesses e as emoções de D. Fernando e D. Leonor. Após a morte de D. Fernando, tornou-se o principal valido e conselheiro de D. Leonor. Um largo sector da sociedade portuguesa entendia que o Infante D. João, meio-irmão de D. Fernando e filho de D. Pedro I e de D. Inês de Castro, teria direito ao trono. Um grupo minoritário defendia, no entanto, as pretensões ao trono de D. João, Mestre da Ordem militar de Avis e filho bastardo de D. Pedro I. Após alguma hesitação, o Mestre de Avis mata o Conde João Andeiro nos Paços da Rainha, em 6 de Dezembro de 1383. Conhecido este facto, rapidamente se alargou o número de apoiantes do Mestre de Avis, sobretudo nas maiores cidades do reino, como Lisboa. Com efeito, ao ter conhecimento desta notícia, o povo de Lisboa amotina-se e proclama D. João, Mestre de Avis, como "Regedor e Defensor do reino". No resto do país, muitos dos nobres e alcaides de castelos, em obediência ao contrato de Salvaterra de Magos, continuam, contudo, a respeitar a rainha D. Leonor Teles e a aceitar a sua autoridade. Gera-se assim uma grave crise política, cujo desfecho estava ainda longe de se poder descortinar.

  J. Veríssimo Serrão, "História de Portugal Volume I"
     O rei de Castela D. João I, fugiu para Santarém e foi embarcar em Lisboa, a caminho de Sevilha. Estava ganha a independência nacional e, Aljubarrota permanece, ao longo dos séculos, como um marco decisivo da história portuguesa. O rei e o seu condestável logo procuraram retomar as terras rebeldes e pacificar o país, porque depois da guerra tiveram de resolver os conflitos e melhorar as condições. Depois da Batalha houve tréguas, durante três anos, assinada em 29 de Novembro de 1387, na Vila de Monção, onde ambas as partes restituíram as terras fronteiriças. Entretanto o monarca inimigo morreu, e logo tiveram de estabelecer um novo acordo que foi feito em 1393, mas esse tratado só veio a ser estabelecido em 31 de Outubro de 1411, o que mostra que Castela não resignou facilmente a perda dos seus direitos. A independência foi salva e, era o que bastava para o destino português se manter.

A.H. Oliveira Marques, "História de Portugal volume I"

  Os conflitos sociais já tinham começado quando D. Fernando casara com D. Leonor Teles em 1372 e prosseguiram durante todo o reinado. A situação piorou em 1383 quando o rei morreu. Como não havia herdeiro masculino, a sucessão de D. Fernando passou para a sua única filha legítima D. Beatriz, que ele casara com D. João I, rei de Castela. As cláusulas do matrimónio confiavam a regência e o governo do reino à rainha Leonor Teles, até que filho ou filha de Beatriz nascer. Quaisquer que fossem as circunstâncias, os dois reinos deveriam viver separados.
  As manobras políticas e as ambições pessoais impediram que houvesse solução pacífica. D. João I de Castela decide invadir Portugal e tomar conta do poder. A este passo violento moveu-o, a crescente oposição ao governo de Leonor Teles e do seu amante João Fernandes Andeiro. Estes apoiados pele maioria da nobreza tinham contra a si as fileiras médias e inferiores da burguesia, sob o comando do Mestre de Avis, D. João, filho ilegítimo do rei D. Pedro.
  O ódio contra Castela e os castelhanos obrigou o Mestre de Avis a encabeçar uma revolta contra os dois grupos: Leonor Teles – Andeiro e D. João I – Beatriz. Ele ajudou a matar o Andeiro, obrigou a rainha D. Leonor Teles a fugir e a unir forças com D. João I de Castela, e proclamou-se a si mesmo “ regedor e defensor do reino”.
  Numa primeira fase de Janeiro – Outubro de 1384, D. João I invadiu Portugal. Já numa segunda fase de Maio – Outubro de 1385, D. João I volta a invadir Portugal para sofrer completa derrota em Aljubarrota.
No entretanto, o Mestre de Avis fizera-se proclamar rei com o título de D. João I (1385), em cortes convocadas para Coimbra.



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